1- INTRODUÇÃO
“A mediunidade é coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente. Se há um gênero de mediunidade que requeira essa condição de modo ainda mais absoluto é a mediunidade curadora” (Kardec, ESE, cap. 26, item 10)
Um número crescente de pessoas corre às casas espíritas trazendo desarmonias íntimas, com reflexos no organismo físico e perispiritual, na emoção e na mente, vinculados, não raro, com processos de influenciações espirituais sutis e perturbadoras. Estas pessoas aspiram receber o auxílio necessário para que possam recuperar a saúde e o equilíbrio, momentânea ou demoradamente abalados, retornando à normalidade existencial. Procuram receber, através do passe, a melhoria que irá lhes restituir a saúde abalada.
Toda vez que Jesus foi convocado a curar, procurou despertar o suplicante para a responsabilidade da saúde, para o seu compromisso com a vida. Invariavelmente interrogava-o se queria realmente curar-se, e após a afirmativa, tocava o doente, suavemente, sem complexidades no gesto, desejando e emitindo o pensamento curador, estendendo-se psiquicamente até o necessitado, e mediante este toque do amor, reabilitava, recompunha, liberava, sarava enfim.
Os candidatos ao trabalho na seara do mestre devem buscar no Seu sublime exemplo inspiração, se desejar mobilizar recursos para a cura do corpo e do espírito através da doação de energia.
Porque o passe não é um simples ato de imposição de mãos, mas antes um ato de amor, em sua expressão mais sublime.
Na terapia dos passes, além da energia mental e do sentimento de afetividade, são inestimáveis outros recursos que lhe formam e definem a qualidade superior, que estão ligados às aspirações íntimas, aos anseios emocionais do candidato à tarefa da transfusão de bioenergia curadora.
O pensamento exterioriza as vibrações do psiquismo, tornando-se indispensável que estas vibrações sejam constituídas de recursos positivos e saudáveis, sem a pesada carga deletéria dos vícios e dependências perturbadoras.Cada qual é o que cultiva; exterioriza aquilo que elabora. Não existe milagre que transforme um caráter vicioso, que o faça produzir energias salutares que não estejam presentes naquele que deseje improvisá-la. Todo recurso é resultado do esforço e a força psíquica se deriva dos conteúdos das ações que se realiza.
Quem, portanto, desejar contribuir na terapia socorrista mediante o passe, despreocupe-se das fórmulas e das aparências, perfeitamente dispensáveis, para cuidar dos recursos morais e espirituais, que devem ser desenvolvidos em si mesmo.
Tabaco, alcoólicos, são grandemente perniciosos aos pacientes que lhes recebem as cargas de natureza tóxica. Igualmente, emanações de desregramento sexual, de distúrbios de comportamento emocional, da intriga, da maledicência, do orgulho, do ódio, tornam-se energias de caráter destrutivo, que irão agravar o quadro daqueles que a elas se submetem, caso a equipe espiritual não isole a energia do médium em desarmonia.
Ame-se e cure-se, quem deseje participar da solidariedade humana, no ministério de socorro aos enfermos, a fim de ajudar. Exteriorize o amor e anele firmemente pela saúde do próximo, deixando-se penetrar pela energia divina que se fará instrumento e, exteriorizando-a com a sua própria vibração, atenda os irmãos enfraquecidos na luta, caídos na jornada, desorganizados nas paisagens do equilíbrio.
A terapia pelos passes é doação de amor e saúde pessoal, dispensando fórmulas e aparatos mecânicos de sugestão exterior.
O PASSE E O CONCEITO DE CURA
O conceito de passe sempre esteve, por tradição, relacionado ao de cura: Cura obtida por meio da transmissão de energias fluídicas (magnético-espirituais) à pessoa doente. Entretanto, os vocábulos saúde, doença e cura devem ser corretamente entendidos. A Organização Mundial da Saúde considera que saúde não é, necessariamente, ausência de doença, mas o estado de completo bem-estar físico, mental e social. A Doutrina Espírita, por outro lado, ensina que toda doença tem origem no espírito porque a ação moral desequilibrada do indivíduo afeta o seu perispírito. Como o perispírito do encarnado está intimamente ligado ao seu corpo físico, o desajuste vibratório de um afeta o outro, produzindo, em conseqüência, as doenças.
Fica evidente, nesses dois conceitos, que passe é uma transmissão fluídica (energética) de natureza magnética (biofísica), aplicado a princípio com o auxílio das mãos e com a finalidade de curar ou aliviar desarmonias físicas e psíquicas.
É importante considerar, porém, que o Espiritismo nos oferece uma visão bem mais abrangente do assunto:
8Passe é uma transmissão conjunta (mista), de fluidos magnéticos – provenientes do encarnado – e de fluidos espirituais – oriundos dos benfeitores espirituais, não devendo ser considerada uma simples transmissão de energia animal (magnetização).
8A aplicação do passe tem como finalidade sanar desarmonias físicas e psíquicas, substituindo os fluidos deletérios por fluidos benéficos; equilibrar o funcionamento de células e tecidos lesados; promover a harmonização do funcionamento de estruturas neurológicas que garantem o estado de lucidez mental e intelectual do indivíduo.
8O passe é, usualmente, transmitido pelas mãos, mas também pode ser feito pelo olhar (a ação da vontade), pelo sopro ou, à distância, por intermédio das irradiações mentais.
8A transmissão e a recepção do passe guarda relação com o poder da vontade de quem doa as energias benéficas e de quem as recebe. Quanto mais vontade de doar possui o médium, mais capta e doa; quanto mais o paciente deseja receber o auxilio espiritual e tenha fé nele, mais absorve e retém as energias.
8A cura verdadeira das doenças está relacionada ao processo de reajuste do Espírito, sendo o passe apenas um instrumento de auxílio. (O passe é um apoio energético ao ser em sua luta pelo auto-aprimoramento, que necessita de empenho da sua força de vontade, do raciocínio e fé. Ninguém faz por nós o que a nós cabe fazer.)
8Para evitar recidivas de doenças ou perturbações, é necessário que a pessoa defina e siga uma programação de melhoria moral e de esclarecimento espiritual.
8Allan Kardec esclarece que a“cura se opera mediante a substituição de uma molécula malsã por uma molécula sã. O poder curativo estará, pois, na razão direta da pureza da substância inoculada; mas, depende também da energia da vontade que, quanto maior for, tanto mais abundante emissão fluídica provocará e tanto maior força de penetração dará ao fluido.”