"Atermo-nos somente à literatura espírita será exclusivismo que limitará a nossa ação em favor da própria doutrina que defendemos." (Yvonne Amaral Pereira)
Escutar dna. Yvonne Pereira, contemporânea e amiga de Chico Xavier, é ter a certeza do bom-senso e da inspiração pela espiritualidade superior, resultado de sua vivência moral-cristã e dedicação integral à mediunidade com Jesus.
Questionada pelo entrevistador sobre sua opinião a respeito da grande multiplicação dos livros espíritas (já naquela época, em 1978, imagine hoje!) e quais livros devem merecer especial atenção dos espíritas, responde, com muita propriedade:
"O movimento quantitativo já pôs em risco a pureza doutrinária do espiritismo. Vendem-se, com efeito, muitos livros, mas os conhecimentos doutrinários continuam diminutos. A grande massa dos espíritas desconhecem os princípios do espiritismo. Lê os livros, é verdade, mas confessa que nada entende, principalmente os de base, de Allan Kardec, por muitos considerados ultrapassados. Léon Denís, Gabriel Dellane, Ernesto Bozzano e outros iluminares do espiritismo, de primeira categoria, seguidores de Allan Kardec, são desconhecidos. Existe fanática predileção pela obra mediúnica, a qual, se é autêntica, representa um excelente subsídio para as obras fundamentais. Infelizmente, nem sempre assim é (...). Recebo cartas do país inteiro, pedindo instruções e conselhos para tudo (...), sinal de que, realmente, não entendem o que lêem. O espírita, em grande parte, não aprendeu a viver com a doutrina; vive perguntando, a este ou aquele como é isto ou aquilo. As idéias pessoais infiltradas na doutrina é o mal que deve ser evitado pelo adepto sincero.
(quanto aos assuntos que poderiam ser estudados, com proveito, pelos espíritas)
"As escrituras cristãs são indispensáveis à cultura de um espírita. O Dr. Bezerra de Menezes aconselha, constantemente, ser indispensável aos espíritas a leitura da história do cristianismo. Eu mesma tenho observado, às vezes, pessoas falando em público trechos do Evangelho que não estão certos. É preciso conhecê-lo e estudá-lo o mais possível. Ou nós aceitamos o Evangelho ou não. Há espíritas que, de fato, não se dedicam muito ao estudo do Evangelho. O espiritismo, portanto, é cultura geral, é nobreza intelectual e moral, é ciência transcendente. Por isso, creio que devemos conhecer, tanto quanto seja possível, tudo quanto possa nos elevar o coração, a mente e o conhecimento.
O espírita precisa, ainda, conhecer um pouco de história, a fim de poder dar expansão às inspirações que descerão do invisível, ajudando nos trabalhos a realizar para divulgação da sua crença, pois em todas as civilizações deste mundo existiram o rastro da comunicação dos espíritos e princípios divinos.
Mas não podemos olvidar que tudo isso deve ser acompanhado da humildade de coração, da simplicidade do comportamento, sem pretensões a títulos acadêmicos, geradores do orgulho. Existem espíritas incultos que compreendem as coisas de Deus e a doutrina dos espíritos, inclusive, que nos superam em sensatez e capacidade, e há muitos que, embora cultos, se deixam levar pelo orgulho e a vaidade de se suporem superiores.
Há ocasiões em que meus guias recomendam ler obras profanas de todos os tipos, desde que esclareçam e edifiquem a mente. Atermo-nos somente à literatura espírita será exclusivismo que limitará a nossa ação em favor da própria doutrina que defendemos.
(Extraído do livro "Pelos Caminhos da Mediunidade Serena Entrevistas e Textos", Yvonne Amaral Pereira, Ed. 3 de Outubro, p. 90-93.)
Além de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", o espírita também deve conhecer os Evangelhos do Novo Testamento, não apenas os fragmentos comentados no ESE. Eu já ví, por exemplo, atribuírem uma frase a Jesus que na verdade estava nos Atos dos Apóstolos, e era de Pedro. O Atos e as epístolas de Paulo também nos servem de embasamento, tanto moral, quanto intelectual, quanto histórico.
Quantos espíritas não leram "O Livro dos Espíritos", pedra angular para TODOS os livros espíritas verdadeiros (sim, muitas publicações são fraudes, do escritor ou do espírito - ou suposto espírito, dado que qualquer um pode publicar uma estória e dizer que é psicografia do espírito fulano, quem vai provar o contrário, senão pela análise do conteúdo?)!!! Quem não leu o L.E. é semelhante a um advogado que não leu o código penal, apenas estudou os casos de julgamentos: terá enorme dificuldade de conduzir processo próprio, pois não conhece os princípios que regem o direito. O espírita que não estudou o Livro dos Espíritos não terá capacidade própria de julgamento doutrinário, visto que desconhece os princípios que regem a doutrina.
Tenhamos em mente onde queremos chegar. Queremos ficar eternamente emocionados com romances espíritas? Ou queremos conhecer, estudar a FERRAMENTA Espiritismo, que poderemos utilizar para nossa elevação moral, consoante o próprio objetivo do espiritismo?
Se queres uma dica de romance, leia "Tormentos da Obsessão", de Divaldo P. Franco. Ele mostra como os espíritas estão desencarnando mal, por intelectuarizarem a doutrina e não agirem de acordo com seus princípios morais. Falando no querido Divaldo, este blog tem um artigo que trata do mesmo assunto, a "Opinião de Divaldo sobre a enxurrada de livros espíritas no mercado". Vale a pena ler.
Não só leia, estude a leitura, retenha. Não só estude a leitura, também faça conexões com aquilo que você aprendeu, a fim de eliminar os conceitos errôneos. E não esqueça: temos mais a DESAPRENDER do que aprender, espíritos milenares que somos, trazendo na bagagem inconsciente muitos conceitos de pensar e agir que não são mais válidos para nós. Eis o grande objetivo da tão falada "reforma interior", que nos conduzirá às moradas felizes na Casa do Pai.
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