segunda-feira, 28 de março de 2011

Breve ensaio sobre o Mal

“O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo que lhe é contrário”
(L.E, questão 630)

Persiste no espírito humano a tendência para o mal, como uma ressonância do primarismo ancestral das experiências transatas da evolução.
No processo de desenvolvimento antropológico, o bi­ótipo mais forte sobreviveu aos demais em razão da bruta­lidade, do volume e da astúcia na luta pela vida. À medida que o homem desenvolveu a inteligência e aplicou-a para proteger-se e preservar a espécie, adquiriu o poder de vencer as feras e os animais gigantescos. Como decorrência, ficou a presença do mal nele dominante, que vem aplicando contra si mesmo - autodestruição, excesso nos vícios - e contra os outros - furtos e roubos, calúnias, ­ perseguições, homicídios e guerras que ameaçam toda a civilização.
Platão identificou-o nas suas observações profundas, denominando-a como face escura do ser; portanto, desco­nhecida, e Carl Gustav Jung constatou-a nos estudos da personalidade, a que chamou de sombra. permanecem os impulsos da violência e da agressi­vidade, as paixões escravizadoras, os instintos indomados que respondem pelo retardamento da auto-iluminação. Trata-se do eu inferior, que representa um perigo para o indivíduo, e que deve ser identificado, a fim de ser combatido com a luz do discernimento e do amor.
O mal é, desse modo, um impulso inconsciente, auto­mático, que emerge do abismo do ser, como mecanismo de sobrevivência, e lhe desata tendências perturbadoras, que se lhe encontravam atadas.

Quanto mais desconhecido do mundo íntimo, mais per­turbações e prejuízos o mal ocasiona. Ignorá-lo é uma forma de deixá-lo livre e em expan­são, permitindo-lhe manifestações freqüentes e danosas no comportamento. A fim de conscientizar-se do mal em si mesmo, faz-se imprescindível o aprofundamento do auto-exame, para encontrar os pontos vulneráveis que o despertam e o de­sencadeiam, predispondo-o para a agressão.
Tentar esmagá-la através de atitudes rígi­das torna-se tarefa inútil, porquanto, à medida que for privado de exteriorizar-se, mais vigor adquire até o mo­mento em que explodirá com virulência danosa. Quando uma força pressiona e encontra resistência, prossegue até a liberação da sua carga, arrebentando ou sendo desarmada.
O comportamento correto em tal caso é aquele que leva à sua identificação – à identificação do impulso - e à capacidade de resistência que possui.
O Espírito não é mau em razão da sua origem divina, porém nele permanece o mal, como a erva daninha mesclado ao trigo bom no mesmo moinho.
Todos os indivíduos são vulneráveis às aflições, que decorrem das enfermidades, das pressões, das agressões, dos distúrbios psicológicos...
Na infância, essas emoções se apresentam como mo­vimentos desordenados, choro, refletindo a impotência da criança diante da dor, do desconforto, de alguma necessi­dade biológica... Mais tarde, expressando-se como medo ou raiva, ela morde e, por fim, com maior recurso de mobilidade, bate, golpeia, foge ou planeja desforço.
Conforme o ambiente, a família, e particularmente a mãe, com quem mantém maior convivência, o mal que é inerente na infância ou se desenvolve, tomando vulto ou dilui-se em grande parte.
Na idade adulta, em razão de outros sentimentos, como vergonha e culpa, que geram tensão, aumentam o medo e a raiva, estimulando à prática do mal, como vingança ou forma cruel de sobrevivência.
O mal pode ser considerado uma emoção de emer­gência, que irrompe com violência quando teme, ou per­manece em silêncio, agindo soturnamente e perturbando aquele que lhe experimenta a constrição.
Quando o mal se manifesta em ação, estimula o siste­ma nervoso simpático supra-renal, que fornece energia para a ação nefasta - a luta - ou para a fuga, até que uma oportunidade própria se lhe desenhe favorável, a fim de descarregar a tensão.
À medida que aumenta essa força e não se faz libera­da, o medo se transforma em raiva, que cresce até tornar­-se fúria, que pode, às vezes, levar ao pânico.
A criatura teme a dor.
Tudo que a conduz ao sofrimento, se não tem o medo sob o controle da verdade e não domina a raiva, no mal se exterioriza para agredir e relaxar-se.
Certamente, a vontade não tem maior ação sobre o medo, que irrompe com ou sem motivo lógico e apavora, mas possui grande ascendência sobre a raiva que pode ser administrada.
A raiva não pode ser considerada uma manifestação destrutiva, mas sim uma reação orgânica, porquanto de­saparece, quando lhe cessa a causa.
Quando o indivíduo se vê sitiado, o mal nele existente se transforma em fúria, que tudo arrebenta e destrói. A fúria enceguece, nublando o raciocínio e anulando a vontade.
A culpa sempre irrompe após as atitudes que afligem as demais pessoas, causadas intencionalmente ou não. De início, é um sentimento de vergonha da própria inferioridade, que cresce e se transforma. O desabrochar do sentimento de culpa proporciona a sensação de haver perdido o respeito que inspirava a afeição, gerando desconfiança e instabilidade.
A vergonha da ação praticada produz humilhação e rejeição, empurrando para o desconforto emocional e as suspeitas infundadas, em batalha mental constante que aturde o ser.
Quando se trata de uma pessoa madura psicologica­mente, desperta e procura os meios para a reparação.
Po­rém, quando se é infantil emocionalmente, foge-se, toma­do pela vergonha do erro, procurando mecanismos de autojustificação ou de autopunição, que desencadeiam o mal adormecido e faz que se converta em mágoa contra si mesmo ou contra aquele que foi o seu causador.
A falta de responsabilidade induz à acusação a ou­trem, por haver criado as circunstâncias que desencadea­ram o incidente, mesmo que não existam. É esta uma forma infantil de o infrator autojustificar-se. O conflito predominante no ser impede-o de discernir com claridade, sendo sempre a culpa das outras pessoas, quase nunca dele próprio.

Um dia, porém surge, em que o mal libera a consciên­cia e a percepção racional corrige o entendimento do fato, advindo a necessidade da reparação. |Porém, se o ser é tomado por insegurança e medo, a ação negativa se transforma em mecanismo de autopu­nição, transtornando o comportamento psicológico e o mundo interior, privando-o da paz e trazendo-lhe sofrimento.
A vergonha e a culpa devem ser trabalhadas com es­pontaneidade, com segurança, a partir do momento em que a pessoa se considere humana, portanto, sujeita a julgamentos e atos equivocados, que pode e deve corrigir.
O mal interior se disfarça com as roupagens de sentimentos variados.
Sua descoberta contribui para a sua erradicação, terapeuticamente investindo-se na saúde emo­cional, espiritual e comportamental.
Não se trata de um empreendimento fácil, nem rápi­do. A eliminação de um condicionamento ocorre median­te o esforço de substituí-lo por outro, no caso, um que seja saudável e benfazejo. Qualquer espaço em aberto se preenche com facili­dade, ou fica vulnerável à reinstalação do hábito anterior.
A cada impulso negativo, do mal existente, deve-se aplicar uma formulação racional, tranqüila, que transforma a reação agressiva ou vil em ação dignificante e paci­ente.

A personalidade é um abismo ainda desconhecido com mistérios complexos para serem desvendados.
No inconsciente do ser dormem milênios em que se encontram os impulsos automáticos, que a razão vem su­perando, mas necessitam ser de codificados, para, logo diluídos, cederem lugar às ações edificantes.
Herdando as experiências sucessivas, o ser humano fi­xou-as no consciente que, de alguma forma, passa a diri­gir-lhe a conduta nesse árduo trânsito para a autoconsci­ência, quando poderá e saberá agir com equilíbrio, res­peitando a lei de Deus e tudo realizando conforme as suas disposições.

O mal é a ausência do bem, sem dúvida, que ainda não se instalou e que contribui para agredir a vida, pertur­bá-la e até tentar extingui-la.
A sua existência é real, enquanto permanece afligindo e gerando a dor, que induzirá, por fim, aquele que o expe­rimenta, a uma radical mudança de conduta.
Negar-lhe a realidade constitui perigosa forma de es­camoteá-lo.
Essa natureza do eu inferior deverá ceder lugar à to­talidade do eu superior.

Na terapia para a diluição do mal, o amor exerce fun­ção essencial, por oferecer segurança àquele que se faz vítima da distonia produzida pelo instinto, auxiliando-o a educar a vontade, a corrigir a óptica pela qual observa a vida e a faz avançar na ação do bem, etapa-a-etapa, pois que essa mudança não se dará de chofre ou sob o encantamento do entusiasmo de um momento.
Exercícios mentais de reflexão em torno de pensamen­tos edificantes, análises sobre vidas abnegadas, contribu­em para a instalação de paisagens otimistas no ser, onde se pode respirar o bem-estar, sem os aguilhões da inveja, do egoísmo, da agressividade.
O auto-exame dos atos e a vigilância na conduta igual­mente facultam o clima para a preceterapia libertadora, que eleva o Espírito e o envolve em vibrações superiores que o penetram e o desalgemam do mal, a fim de que possa aplicar-se ao bem, conforme a lei de Deus.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Introdução ao trabalho mediúnico

Responsabilidade Mediúnica*
Manoel Philomeno de Miranda

Uma reunião mediúnica séria, à luz do Espiritismo, é constituída por um conjunto operacional de alta qualidade, em face dos objetivos superiores que se deseja alcançar.
Tratando-se de um empreendimento que se desenvolve no campo da energia, requisitos graves são exigidos, de forma que sejam conseguidas as realizações, passo a passo, até a etapa final.
Não se trata de uma atividade com características meramente transcendentais, mas de um labor que se fundamenta na ação da caridade, tendo-se em vista os Espíritos aos quais é direcionado.
Formada por um grupamento de pessoas responsáveis e conscientes do que deverão realizar, receberam preparação anterior, de modo a corresponderem aos misteres a que todos são convocados para exercer, no santificado lugar em que se programa a sua execução.
Deve compor-se de conhecedores da Doutrina Espírita e que exerçam a prática da caridade sob qualquer aspecto possível, de maneira a conduzirem créditos morais perante os Soberanos Códigos da Vida, assim atraindo as Entidades respeitáveis e preocupadas com o bem da Humanidade.
 Resultado de dois aglomerados de servidores lúcidos – desencarnados e reencarnados – que têm como responsabilidade primordial manter a harmonia de propósitos e de princípios, a fim de que os labores que programam sejam executados em perfeito equilíbrio.
Para ser alcançada essa sincronia, ambos os segmentos comprometem-se a atender os compromissos específicos que devem ser executados.
Aos Espíritos orientadores compete a organização do programa, desenhando as responsabilidades para os cooperadores reencarnados, ao tempo em que se encarregam de produzir a defesa do recinto, a seleção daqueles que se deverão comunicar, providenciando mecanismos de socorro para antes e depois dos atendimentos.
Confiando na equipe humana que assumiu a responsabilidade pela participação no trabalho de graves conseqüências, movimentam-se, desde às vésperas, estabelecendo os primeiros contatos psíquicos daqueles que se comunicarão com os médiuns que lhes servirão de instrumento, desenvolvendo afinidades vibratórias compatíveis com o grau de necessidade de que se encontram possuídos.
Encarregam-se de orientar aqueles que se comunicarão, auxiliando-os no entendimento do mecanismo mediúnico, para evitar choques e danos à aparelhagem delicada da mediunidade, tanto no que diz respeito às comunicações psicofônicas atormentadas quanto às psicográficas de conforto moral e de orientação.
Cuidam de vigiar os comunicantes, poupando os componentes da reunião de agressões e de distúrbios defluentes da agitação dos enfermos mentais e morais, bem como das distonias emocionais dos perversos que também são conduzidos ao atendimento.
Encarregam-se de orientar o critério das comunicações, estabelecendo de maneira prudente a sua ordem, para evitar tumulto durante o ministério de atendimento, assim como impedindo que o tempo seja malbaratado por inconseqüência do padecente desencarnado.
Nunca improvisam, porquanto todos os detalhes do labor são devidamente examinados antes, e quando algo ocorre que não estava previsto, existem alternativas providenciais que impedem os desequilíbrios no grupo.
Equipamentos especializados são distribuídos no recinto para utilização oportuna, enquanto preservam o pensamento elevado ao Altíssimo...
Concomitantemente, cabem aos membros reencarnados as responsabilidades e ações bem definidas, para que o conjunto se movimente em harmonia e as comunicações fluam com facilidade e equilíbrio. Todo o conjunto é resultado de interdependência, de um como do outro segmento, formando um todo harmônico.
Aos médiuns é imprescindível a serenidade interior, a fim de poderem captar os conteúdos das comunicações e as emoções dos convidados espirituais ao tratamento de que necessitam.
A mente equilibrada, as emoções sob controle, o silêncio íntimo, facultam o perfeito registro das mensagens de que são portadores, contribuindo eficazmente para a catarse das aflições dos seus agentes.
O médium sabe que a faculdade é orgânica, mantendo-se em clima de paz sempre que possível, não apenas nos dias e nas horas reservadas para as tarefas especiais de natureza socorrista, porquanto Espíritos ociosos, vingadores, insensatos que envolvem o planeta encontram-se de plantão para gerar dificuldades e estabelecer conflitos entre as criaturas invigilantes.
Por outro lado, o exercício da caridade no comportamento normal, o estudo contínuo da Doutrina e a serenidade moral, são-lhe de grande valia, porque atraem os Espíritos nobres que anelam por criar uma nova mentalidade entre as criaturas terrestres, superando as perturbações ora vigentes no planeta.
Não é, porém, responsável somente o medianeiro, embora grande parte dos resultados dependam da sua atuação dignificadora, o que lhe constituirá sempre motivo de bem-estar e de felicidade, por descobrir-se como instrumento do amor a serviço de Jesus entre os seus irmãos.
Aos psicoterapeutas dos desencarnados é impositivo fundamental o equilíbrio pessoal, a fim de que as suas palavras não sejam vãs, e estejam cimentadas pelo exemplo de retidão e de trabalho a que se afervoram.
O seu verbo será mantido em clima coloquial e sereno, dialogando com ternura e compaixão, sem o verbalismo inútil ou a presunção salvacionista, como se fosse portador de uma elevação irretocável.
Os sentimentos de amor e de misericórdia igualmente devem ser acompanhados pelos compromissos de disciplina, evitando diálogos demorados e insensatos feitos de debates inconseqüentes, tendo em vista que a oportunidade é de socorro e não de exibicionismo intelectual.
O objetivo da psicoterapia pela palavra e pelas emanações mentais e emocionais de bondade não é o de convencer o comunicante, mas o de despertá-lo para o estado em que se encontra, predispondo-o à renovação e ao equilíbrio, nele se iniciando o despertamento para a vida espiritual.
Conduzir-se com disciplina moral, no dia-a-dia da existência, é um item exigível a todos os membros da grei, a fim de que a amizade, o respeito e o apoio dos Benfeitores auxiliem-nos na conquista de si mesmos.
Numa reunião mediúnica séria, não há lugar para dissimulações, ressentimentos, antipatias, censuras, porque todos os elementos que a constituem têm caráter vibratório, dando lugar a sintonias compatíveis com a carga emocional de cada onda mental emitida.
Desse modo, não há porque alguém preocupar-se em enganar o outro, porquanto, se o fizer, a problemática somente a ele próprio perturbará.
À equipe de apoio se reservam as responsabilidades da concentração, da oração, da simpatia aos comunicantes, acompanhando os diálogos com interesse e vibrando em favor do enfermo espiritual, a fim de que possa assimilar os conteúdos saudáveis que lhe são oferecidos.
Nunca permitir-se adormecer durante a reunião, sob qualquer justificativa em que o fenômeno se lhe apresente, porque esse comportamento gera dificuldades para o conjunto, sendo lamentável essa autopermissão...
Aos médiuns passistas cabem os cuidados para se manterem receptivos às energias saudáveis que provêm do Mundo Maior, canalizando-as para os transeuntes de ambos os planos no momento adequado.
Todo o movimento entre as duas esferas de ação deve acontecer suavemente, como num centro cirúrgico, que o é, de modo a refletir-se na segurança do atendimento que se opera.
Os círculos mediúnicos sérios, que atraem os Espíritos nobres e que encaminham para os seus serviços aqueles desencarnados que lhes são confiados, não podem ser resultado de improvisações, mas de superior programação.
Os membros que os constituem estarão sempre atentos aos compromissos assumidos, de forma que possam cooperar com os Mentores em qualquer momento que se faça necessário, mesmo fora do dia e horário estabelecidos.
Pontualidade de todos na freqüência, cometimento de conduta no ambiente, unção durante os trabalhos e alegria por encontrar--se a serviço de Jesus, são requisitos indispensáveis para os resultados felizes de uma reunião mediúnica séria à luz do Espiritismo.


_________________
*Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica da noite de 28 de agosto de 2007, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia. Publicada em Reformador. Rio de Janeiro: FEB. Ano125. Nº 2.144.  Novembro 2007, p. 414-416.

PENSAR NA MORTE É VIDA!

   "Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor. Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria que fosse arrombada a sua casa." JESUS (Mt 24, v.42-43)

    Pensar a respeito da morte, ou melhor dizendo, desencarne, é pensar na vida. É melhorar a vida, o modo de ver a vida, o modo de viver. É aferir valores e viver de acordo com eles. Como? Os orientais explicam.


   Os tibetanos meditam sobre a morte
    (B. Alan Wallace, in “Budismo com atitude – o treinamento tibetano da mente em 7 etapas”, pág.30-33).


A meditação sobre a natureza da rude e sutil impermanência é também fortemente enfatizada na tradição budista. Indo mais fun­do na natureza da impermanência, os tibetanos meditam sobre a morte.

Existe uma objeção razoável à meditação sobre a morte. Como estamos vivos agora, por que não prestar atenção ao fato de estarmos vivos e deixar a meditação sobre a morte para quando estivermos morrendo? Afinal, quando chegar o seu momento de morrer, você não vai querer ficar nostálgico sobre a vida.

A razão da meditação sobre a morte não é estragar a felicida­de, mas encontrá-Ia. Os seres humanos tendem a fazer várias maldades, e as religiões do mundo assumiram a responsabilida­de de reformar os humanos para melhor (sem misturar os resul­tados!). Como a maior parte do nosso comportamento habitual não é boa, temos de ser persuadidos a melhorá-Ia. O medo é um método muito eficaz de persuasão. As autoridades religiosas têm, tradicionalmente, tentado persuadir as pessoas a serem boas não somente pelo medo da morte, mas pelo medo do desconhecido e pelo medo do enorme desconhecido, a vida após a morte. As doutrinas religiosas sobre a morte são propositalmente assusta­doras.

O Buda afirmava que o propósito do seu ensinamento sobre a morte não era assustar as pessoas para elas serem boas, mas prepará-Ias para a morte nesta vida. Os ensinamentos não se des­tinavam especificamente a assustar, mas se já existe o medo da morte, melhor conhecer do que temer, comprometer-se com ela e prosseguir de modo que, quando ela realmente chegar, não haja medo.

Ao estudar sobre a preciosidade e a raridade de nossa vida, reconhecemos que a vida está passando exatamente agora. Nunca mais teremos este dia. Esta enorme oportunidade passa rapida­mente e, então, tudo pára completamente. Quando o seu corpo acaba, sua preciosa vida humana acaba. Considerar a preciosi­dade e a impermanência da vida é um incentivo. Se existe algo digno de realizar aqui, realize-o.

(...) Considere novamente as oito preocupa­ções mundanas - buscar bens materiais e evitar sua perda, buscar o prazer e evitar o desconforto, buscar o elogio e evitar a culpa, manter a boa reputação e evitar a má reputação. A mente se torna descontente. Os budistas têm dificuldade de lidar com o descontentamento. Eles ficam irritados por estarem irritados, e isto foge ao controle. É muito útil manter uma atitude relaxa­da e ser apaixonado por uma coisa - a prática espiritual.

A meditação sobre a morte o ajuda a se livrar das pequenas preocupações que corroem seu potencial ilimitado. A medita­ção sobre a morte é um chamado para o despertar. O seu propó­sito não é assustá-Io com o que o bicho-papão fará a você depois da sua morte, mas fazê-lo ver as oportunidades que você tem agora, compreender que elas existem somente por um tempo limitado e que você deve aproveitá-Ias. Além disso, certifique-se de que aquilo que você está praticando é realmente o dharma e não uma das preocupações mundanas que, diante da morte, perdem todo o seu fascínio.

A meditação budista sobre a morte é composta de três partes:

A primeira é a meditação sobre a inevitabilidade da nossa própria morte. Podemos dizer que já sabemos disso. É fácil. Mas estamos atentos a isso? Se não estivermos, não a estaremos considerando em nossas decisões. Se não estivermos levando a sério a ine­vitabilidade da morte, então não acreditamos realmente nela.

Embora possamos viver de modo cuidadoso, haverá um tem­po em que a morte chegará. Ela se apresentará. E acontecerá. Aconteceu com Buda e com Jesus, e acontece com presidentes e reis. Rico ou pobre, mais cedo ou mais tarde você morrerá, e sua morte será somente sua. A inevitabilidade é a primeira das três partes da meditação sobre a morte. (...)

A segunda parte da meditação sobre a morte é que ela pode chegar a qualquer momento. Ela é imprevisíveI. Não marca um encontro. Os tibetanos possuem uma lista dos momentos em que a morte chega - no ventre, no nascimento, nos primeiros anos, na infância, na juventude, na adolescência, no adulto jo­vem, na meia-idade e na velhice -, qualquer momento é per­feito para morrer. Você pode morrer com boa ou má saúde, rico ou pobre, culto ou não. Um ponto importante para os ociden­tais é que você pode morrer antes ou depois de ter concluído seus projetos. A morte pode acontecer a qualquer momento. Qual a base para a confiança de que a morte poderá chegar, mas não para mim? Trata-se de um pensamento de desejo, nada mais. A segunda parte da meditação sobre a impermanência é a compreensão da imprevisibilidade da morte.

A terceira parte da meditação sobre a morte é prestar aten­ção ao que é de valor diante da morte. A morte faz parte da vida, não é uma antítese da vida. Com a conscientização da morte, qual é o valor da vida? Esta questão é a base sobre a qual o dharma (Caminho para Realidade Superior)  é definido. Com uma conscientização da sua própria mortalida­de, o dharma é o que existe de maior valor. O que tem valor - ­uma mente clara, um coração compassivo, um sentido de sabe­doria, equanimidade, paciência e clemência, servir aos outros? A meditação sobre a morte é a maneira mais direta de conferir e aprimorar os valores.

  
   Ao lermos o texto, vimos como é prejudicial o medo da morte que, instintivamente, trazemos conosco. O pavor que muitos temos de "perder" seus entes queridos ou deixá-los na terra nos é prejudicial, porque a vontade que temos que nós e os outros vivam é puro desejo, não é realidade. Não se preparar para a realidade é entrar em choque com ela quando ela vier.

    Se realmente sentíssemos mortais, seguiríamos o conselho do Cristo: deixaríamos a casa em ordem para quando chegasse o senhor. Faríamos as pazes com aquelas pessoas que estamos brigados; abraçaríamos nossos familiares e amigos e lhes diríamos aquilo que gostaríamos que ouvissem antes que se fossem; admitindo que a morte pode ser iminente, faríamos as coisas que realmente são importantes para nós; admitindo a realidade espiritual, procederíamos sempre de acordo com as soberanas Leis da Vida contidas no Livro dos Espíritos, a fim de não criarmos carmas negativos que nos prejudicassem nem a outrem.

   Quer um exercício simples para descobrir o que realmente você busca? Imagine-se andando pela avenida principal. Há uma casa com uma movimentação à frente. A porta está aberta, e tem um corredor. Entre no corredor. Note que ao fundo você vê pessoas e flores. Entre na sala. No centro da sala há um caixão. É um velório. As pessoas que estão na sala são suas conhecidas. Aproxime-se do caixão, ao ver o corpo, voce descobre que... é o seu próprio funeral. Nesse momento vão fazer a despedida antes do enterro. Quatro pessoas falarão, ao invés do padre. A primeira será o representante dos seus familiares. Procure escutar o que fala de você como foi com a família, o que dizem que lembram de você. O segundo a falar é o representante dos seus amigos. Escute-o. O terceiro é o representante de uma comunidade a qual você pertence, como o centro espírita ou um clube. E o quarto a fazer o discurso de despedida é um representante da comunidade. O que você gostaria que eles falassem nesse momento? Das pessoas presentes, quantas você tinhas questões mal-resolvidas que você não tentou encerrar? Existe alguém que você gostaria de ter perdido perdão? Que qualidades voce gostaria ouvir que tinha em vida? Escute... Esses são seus valores e anseios mais verdadeiros.

   Espero que o tema tenha servido para a melhoria íntima de vocês. Aproveitem as férias! Um abraço.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Fluidoterapia - CONSIDERAÇÕES FINAIS

REVISANDO CONCEITOS BÁSICOS

            O passe é transmissão mista de energia magnética e espiritual, do médium para o paciente, geralmente, através da imposição de mãos, sob orientação do mentor espiritual com o qual sintoniza,.
            O paciente recebe essa carga fluídica salutar com a finalidade de sanar desarmonias físicas e psíquicas, substituindo os fluidos deletérios por fluidos benéficos; recebe essa energia em seu halo vital (ou aura), sendo absorvido para seu perispírito através dos  centro de força, primeiramente pelo coronário, depois pelos que se tenha mais necessidade.
Ambas energias, magnética e espiritual, pelo provém de uma só origem: o fluido cósmico universal (ou Prana, no oriente).
A primeira fonte é a energia do médium, composta:
- pelos fluidos que ele próprio capta através dos centros vitais, de qualidade compatível com sua evolução, suas aspirações, suas emoções  e seu pensamento;
- pelo influxo de energia que ele capta do Alto através da prece;
- pela energia que o corpo físico repassa ao perispírito, oriunda da alimentação e do que mais seja ingerido.
A segunda fonte de energia captada pelo médium é a energia do mentor espiritual, que retira, do mesmo modo, do fluido cósmico universal, energias compatíveis com sua evolução e suas aspirações, as faz reagir com a energia do passista, e as modifica e direciona de acordo com as necessidades do paciente.
O passe é realizado de modo simples, partindo da imposição de mãos sobre o centro coronário. Seguindo sua intuição, o passista pode concentrar energias em um ou  mais centros vitais que perceba necessitarem uma intervenção direta, como também pode optar por utilizar técnicas específicas para o caso.
Para que a cura se efetue, é necessário que o paciente ponha-se receptivo ao passe, com fé e desejo de melhora, ao mesmo tempo que se propõe a uma renovação moral, extinguindo, assim, as origens das desarmonias que carrega consigo. A água fluidificada é um importande coadjuvante no tratamento fluidoterápico que o paciente deverá se utilizar. Se no passe a energia é absorvida pelo perispírito e repassada ao corpo, ocorre o caminho inverso com a água fluidificada, que de início beneficia o corpo para depois se eterizar e passar ao corpo físico.
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            CONSIDERAÇÕES ACERCA DA PREPARAÇÃO E DA CONDUTA DO PASSISTA:
            Sendo o trabalho do passe um labor essencialmente energético, é com a natureza dessas energias que vamos nos preocupar. As energias do médium devem estar impregnadas de fluidos salutares (alegria, fraternidade, compreensão, perdão, bondade, caridade e, acima de tudo, AMOR ausente de egoísmo, clúme, vaidade e orgulho).
A oração assume, também aqui, suma importância. Recomenda-se não esquecer de orar na véspera e pela manhã e, ainda, a leitura de pe­queno trecho de O Evangelho Segundo o Espiritismo no dia do trabalho. A leitura otimista e a conversação edificante auxiliam na manuten­ção do equilíbrio.
A parte física também se reflete no perispírito e, por isso mesmo, consoante salientado, o médium deve abster-se dos abusos alimentares ou morais, notadamente no dia do passe (se possível, já na véspera). Evitar o fumo, sedativos ou estimulantes, bebidas alcoólicas e carnes em geral.
Não esqueçamos, ainda, que a saúde do médium passista é uma condição primordial para o bom desempenho de seu trabalho. Se o mé­dium não tem saúde, não pode dá-Ia a outrem. Quem poderá dar o que não possui? Por isso mesmo, necessitando do passe, recomenda-se aos passistas que utilizem dia diverso do seu grupo de trabalho para recebê­-lo, ou, ainda, que assistam no Auditório o trabalho de Preces e Irradia­ções e a Palestra Doutrinária, recebendo, após, o passe, como todos os Assistidos.
O médium, cumpre salientar, deve evitar qualquer abuso da sua faculdade, quer expondo-se a situações desfavoráveis às orientações dou­trinárias do passe, quer mercadejando, direta ou indiretamente, a facul­dade que possui.

           NO SERVIÇO DO PASSE:
          Os passes, como regra geral, devem ser dados dentro da Casa Espí­rita, nas chamadas Câmaras de Passe. Aliás, ensina André Luiz que "No templo espírita, os instrutores desencarnados conseguem localizar re­cursos avançados do plano espiritual para o socorro a obsidiados e obsessores". Com efeito, nesse local existem equipes do Plano Maior especializadas para a prática do passe. Cumpre considerar que, fora dela, somente em hipóteses excepcionais se pode aplicar o passe (a esse res­peito, recomenda-se a leitura da referida obra de Jacob MeIo, pp. 160/ 166). Um caso destes é a Visita aos Doentes, feita pela nossa casa, que conta com todo o amparo de equipe específica.
Para bem realizar a tarefa, o médium deve estar em paz consigo mesmo, procurando deixar "lá fora" os problemas do dia-a-dia. Ademais, deve buscar os conhecimentos da Doutrina Espírita, dentre estes os pertinen­tes ao passe e à sua forma correta de aplicação, entendendo o como um ato fraternal, a fim de que possa doar o que de melhor possua em senti­mento e vibração.
Deve ter hábitos de disciplina no trabalho e observar os princípios de assiduidade e pontualidade, bem como discrição nas atitudes, não olvidando, nunca, que faz parte de um grupo, onde se faz indispensável a existência de um clima de verdadeira harmonia e real confiança.
O passista deve apresentar-se aos trabalhos da Fluidoterapia nos horários estabelecidos, preferencialmente não chegando em cima da hora. Após ingressar na Câmara de Passes, so­mente deve se retirar em casos excepcionais, sem­pre retornando no menor tempo possível.
No interior da Câmara de Passes, deve permanecer em sjlêncio, somente fazendo uso da palavra em casos extremos e num tom de voz que não prejudique a serenidade dos que estão orando ou lendo.
As exigências são justificadas. Os Benfeitores Espirituais, sabemos, promovem a higienização das energias do médium e do ambiente, for­mando uma corrente protetora, que impede a entrada de influências energéticas deletérias. O "entra e sai" aumenta o trabalho do Plano Maior.
O médium deve ter em mente que concentrar e sintonizar não equivale a "mediunizar" (os trabalhos devem ser realizados consciente­mente).
Convém de evitar as conversas que não digam respeito ao trabalho em andamento. O passista jamais deve transmitir informações particulares ao assistido.
A prece, repita-se, estabelece um elo de união com os Planos Espiri­mais mais elevados. Assim, o passista deve concentrar-se na Espiritualidade e no Assistido, acompanhando - mentalmente, em silêncio e sem a emis­são de qualquer ruído - a prece do Dirigente do Dia.
Além disso, não deve tocar no Assistido. Outrossim, deve abster-se de qualquer ato ou gesto exterior.
Ainda que não haja Assistido à sua frente, o passista deve impor as mãos à exemplo dos demais, lembrando-se de que  naquele momento a Espiritualidade Maior utiliza o recurso para o aten­dimento irmãos desencarnados.
Na hipótese de aplicação do passe em mais de um centro vital, não esquecer de seguir o sentido "da cabeça aos pés".
Quanto à posição das mãos, estas devem ficar abertas, "com os dedos levemente afastados (postura que dificulta as contrações musculares nas mãos e dá a suavidade que o passe solicita). Os passistas digitais tenderão a deixar os dedos arquearem em direção ao ponto que será fluidificado; os palmares centrarão melhor as palmas das mãos, com os dedos sem qual­quer arqueadura" Jacob MeIo, Manual do Passista, p. 118).

            FADIGA FLUÍDICA:
Explica Jacob MeIo (pág. 132/139) que, "A despeito das evidências, alguns companheiros de Doutrina insistem em desconhecer a realidade das chamadas “fadigas fluídicas”. Fadiga que pode, dependendo do caso, levar ao surgimento de problemas psico-físicos e perispirituais.
Conforme Allan Kardec (A Gênese, capo XIV), prossegue Jacob MeIo, "as 'fontes' fluídicas são de três origens: espiritual, humana e mista". Considerando-se que cada trabalhador possui sua característica própria, não se pode ignorar que alguns passistas doam fluidos anímicos em maior quantidade e, assim, podem sofrer um certo 'cansaço'. Outros, por sua vez, nunca apresentam esse sintoma. Isso confirma o que nos ensinam os Espíritos, ou seja, a transmissão de fluidos espirituais reconforta, não can­sa, nem, gera fadiga, mas a doação de fluidos anímicos pode gerar: um certo cansaço. O desgaste é proporcional à quantidade de 'energia' gasta, de­vendo o trabalhador observar-se e dialogar com o dirigente do trabalho se, eventualmente, sente-se cansado ou indisposto após a aplicação do passe.

             ÁGUA FLUIDIFICADA
             Observações Iniciais:
"A água é dos corpos mais simples e receptivos da terra. É como que a base pura, em que a medicação do Céu pode ser impressa, através de recursos substanciais de assistência ao corpo e à alma, embora em proces­so invisível aos olhos mortais".
"Coloca o teu recipiente de água cristalina, à frente de tuas orações, espera e confia. O orvalho do Plano Divino magnetizará o líquido, com raios de amor em forma de bênçãos e estarás, então, consagrando o su­blime ensinamento do copo de água pura, abençoado nos céus". (Segue­-me, Emmanuel).
"A água potável destina-se a ser fluidificada. O líquido simples re­ceberá recursos magnéticos,  sabido valor para o equilíbrio psicofísico dos circunstantes". Por intermédio da água fluidificada, precioso esfor­ço de medicação pode ser levado a efeito. Há lesões e deficiências no veículo espiritual a se estamparem no corpo físico que somente a in­tervenção magnética consegue aliviar. A fé que os interessados dis­ponham é a própria cura". (Nos Domínios da Mediunidade, André Luiz).
"A água fluidificada é um dos mais notáveis coadjuvantes dos tra­tamentos fluidoterápicos. A absorção de fluidos restauradores, de for­ma complementar pela água fluidificada, equilibra e sustenta o quadro fluídico renovado ,do assistido (em tese) até sua próxima sessão de fluidoterapia. Importa, mu(tas vezes ao organismo a ingestão direta dos fluidos pelas vias orgânicas internas, e, para isso, a água é incompará­vel". (O Passe, Jacob MeIo).
 Esclarece o Dr. Bezerra de Menezes - "A água, em face da sua cons­tituição molecular, é elemento que absorve e conduz a bioenergia que lhe é ministrada. Quando magnetizada e ingerida. Produz efeitos orgâ­nicos compatíveis com o  fluido de que se faz portadora. Sabemos, no entanto, que mais importante do que quaisquer práticas externas, a ação interior, mental,comportamental responde pela realidade psíquica do homem e opera a sua legítima recuperação".

             RECOMENDAÇÕES GERAIS
             A questão dos vasilhames (podem ser de vidro, plástico, alumínio, cobre, latão, escuros, claros, opacos, transparentes) estarem abertos ou fechados não faz a me­nor diferença, pois nenhuma matéria é capaz de deter ou opor obstáculos à transmissão fluídica. Do contrário, não seriam possíveis os atendimentos à distância. Também não importa temperatura da água.  Importa, sim, que ela seja potável.
Na hipótese de ser utilizada um vasilhame para diversas pessoas, os Bons Espíritas ali depositam os fluidas de acordo com a média da neces­sidade dão grupa, não havendo qualquer contra-indicação
Quando utili­zada um vasilhame para determinada pessoa, recomenda-se  que apenas esta venha a ingeri-Ia, pois muitas vezes são produzidas alterações pro­fundas na sua estrutura fluídica com repercussões bastante acentuadas no campo orgânica do Assistido. A sugestão é que se etiquete o vasilhame a fim de que não se confunda com os outros.
Deve-se beber a água com fé e em estada de oração. Não convém e não adianta abusar do seu uso. Ingerir grandes quantias não acelera a em nada a cura, e o descaso quanto à recomendação e o desrespeito ao benefício podem gerar energias antagônicas às esperadas.